A elaboração de vinhos de
qualidade está, por razões de higiene, associada ao consumo de um volume
significativo de água. Esta, depois de utilizada nas diferentes operações de
lavagem e/ou desinfeção constitui uma fonte de poluição significativa,
particularmente no período da vindima (60 a 70% do volume total anual de
efluentes produzidos) e durante as trasfegas e filtrações. Apesar de, no
essencial, a carga poluente ser constituída por substancias naturais com origem
na uva e no vinho, quando em contato com o meio receptor - geralmente massas de
água - provoca o rápido desenvolvimento de microrganismos consumidores do
oxigénio dissolvido no meio, levando ao desaparecimento da fauna e da flora do
ecossistema.
Sendo as vindimas no fim do Verão,
logo, no período de menor disponibilidade hídrica das massas de água,
facilmente se percebe o impacto negativo no ambiente, cujas consequências têm
sido francamente subestimadas.
Reduzir o consumo de água e utilizar dispositivos de tratamento dos efluentes gerados, para além do respeito pelas imposições de ordem legislativa, devem fazer parte da responsabilidade social das empresas vinícolas.
Reduzir o consumo de água e utilizar dispositivos de tratamento dos efluentes gerados, para além do respeito pelas imposições de ordem legislativa, devem fazer parte da responsabilidade social das empresas vinícolas.
Os métodos de tratamento dos
efluentes são, genericamente, físicos ou biológicos. Os primeiros pretendem
concentrar, por evaporação, os efluentes decantados ou crivados, a partir de
lagoas estanques ou de painéis alveolares com ou sem ventilação forçada. São pouco
utilizados em Portugal. Os segundos incluem tratamentos anaeróbios e aeróbios. Dentro destes, os tratamentos
aeróbios são os mais utilizados por
serem os mais eficazes e rápidos, quer na sua forma mais primitiva - distribuição
no solo, desde que se respeitem determinados condicionalismos, quer na sua forma
mais técnica - lamas activadas. Neste caso, a matéria orgânica do efluente é,
na presença de oxigénio e através da acção de microrganismos, transformada em
compostos mais simples que, posteriormente, serão transformados em dióxido de
carbono, água e biomassa.
Após o tratamento biológico, pode
haver necessidade de recorrer a tratamentos complementares de acabamento. Neste
caso recorre-se leitos de macrófitas, ou
seja, a plantas com capacidade depurativa, tais como Thypia latifolia, Phragmittes australis, Juncus polyanthemos. Esta
técnica exige a regulação, a montante, do caudal e da carga orgânica o que, por
sua vez, pressupõe a existência de capacidade de armazenamento do efluente
pré-tratado.
Em qualquer dos casos, antes da
escolha da solução para o tratamento dos efluentes, é imperativo assegurar
a boa gestão da água na adega, de forma a minimizar o volume a tratar.
A evacuação de efluentes
vinícolas através da rede de esgotos urbanos não é uma solução viável. No caso
da estação de tratamento dos efluentes urbanos não estar preparada para este
tipo de carga, entrará em disfunção, devido à sobrecarga orgânica causada pelo
afluxo dos efluentes vinícolas, substancialmente diferentes dos efluentes
domésticos.
Portugal produziu em 2010 cerca
de 650 milhões de litros de vinho. Daqui resultaram, no mínimo, cerca de 2.000
milhões de litros de efluentes vinícolas. Sendo estes dez a cem vezes mais poluentes que os efluentes de origem doméstica, facilmente
se percebe a dimensão do problema.
Os efluentes vinícolas
enquadram-se na definição de “águas residuais industriais” ou seja todas as
águas residuais provenientes de qualquer tipo de atividade, que não possam ser classificadas
como águas residuais domésticas ou águas pluviais.
Apesar da legislação nacional,
nomeadamente o Decreto-Lei 236/98 de 01 de Agosto, definir as normas de descarga das águas residuais nas linhas de água e no solo, com a finalidade de proteger o ambiente, muito poucas são
as empresas vinícolas que as cumprem. O facilitismo é tanto que a validação
anual das licenças para descargas de efluentes em meio hídrico são emitidas por
uma entidade pública oficial, mediante (pasme-se) a análise de uma amostra do efluente que
é recolhido e entregue pela própria empresa poluidora.
A nível comunitário a directiva
2000/60/CE de 23 de Novembro define um quadro para uma política comum relativa
à água, com o objectivo de manter a qualidade das águas superficiais e
subterrâneas, em todos os países da União Europeia. A Comissão Europeia vai levar a tribunal
Portugal por não cumprir esta legislação.
As principais características dos
efluentes de origem vinícola são: elevada concentração de matéria orgânica com
valores médios em carência química de oxigénio (CQO) de 15 a 20 g/L. Este valor
representa a quantidade total de poluição oxidável, o que corresponde à
quantidade de oxigénio necessária para oxidar as substâncias de origem orgânica
e mineral do efluente. À descarga, este valor não deve ser superior a 150 mg/L;
elevada concentração de sólidos suspensos totais (SST) com valores médios de 3
g/L. À descarga este valor não pode ser superior a 60 mg/L; pH entre 3,5 e 4,5.
À descarga este valor deve estar compreendido entre 6 e 9.
O número de habitantes do planeta
Terra atingiu a cifra dos 7 mil milhões em Outubro de 2011. Em
1974 éramos 4 mil milhões. .Ou
seja, em apenas 37 anos a população do planeta quase duplicou.
Esta realidade deveria bastar, por
si só, para encararmos a defesa dos recursos naturais do planeta, nomeadamente a
água, como um dos principais desafios da espécie humana.
Para os que ainda precisam de outras motivações:
A enologia tem na poluição dos recursos, uma forte ameaça (na perspectiva de marketing).
Para os que ainda precisam de outras motivações:
A enologia tem na poluição dos recursos, uma forte ameaça (na perspectiva de marketing).
Para a combater, podeM e devem
criar-se novas oportunidades, tais como:
a) majorar a capacidade de articulação com a atividade turística e com o agro-turismo. As sinergias produzem resultados globais superiores à soma das parcelas pelos efeitos multiplicadores e pelas externalidades geradas. Tal implica identificar os segmentos e/ou os nichos de mercado existentes e seleccionar aqueles que mais valorizam esses benefícios, indo de encontro às necessidades dos clientes alvo e surpreendendo-os, para manter sempre alguma excitação sobre os produtos;
a) majorar a capacidade de articulação com a atividade turística e com o agro-turismo. As sinergias produzem resultados globais superiores à soma das parcelas pelos efeitos multiplicadores e pelas externalidades geradas. Tal implica identificar os segmentos e/ou os nichos de mercado existentes e seleccionar aqueles que mais valorizam esses benefícios, indo de encontro às necessidades dos clientes alvo e surpreendendo-os, para manter sempre alguma excitação sobre os produtos;
b) potenciar a mais-valia, isto
é, procurar criar um espaço para o
produto na mente dos consumidores seleccionados, através
de um slogan, ou frase curta, facilmente memorizável e que resuma e reforce as envolvencias ambientais por eles valorizados e em que o produto mais se distingue;
c) comunicar mais eficazmente as
vantagens intangíveis do produto, ou
seja comunicar um produto ambientalmente responsável.
O modo como um empresário administra os dejetos que produz, é um bom
aferidor do nível qualitativo dos produtos que oferece. Os consumidores, mais
tarde ou mais cedo, saberão valorizar esta obrigação e este cuidado.
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